quinta-feira, 4 de setembro de 2014

ACTROS





        A Mercedes-Benz escolheu fazer a apresentação de seu caminhão Actros na maior usina hidrelétrica do mundo, Itaipu, para aliar a imagem de sua grandiosidade a ele. A mensagem de “força, energia e ampla capacidade; tecnologia, segurança e conforto” que está em seu lançamento, não é simples propaganda para vender produto, mas sim o que realmente o descreve.

        A fábrica, que vende 21 diferentes modelos de caminhões no Brasil, vendeu por aqui no ano passado, 24.000 unidades e decidiu então por trazer seu maior produto, o caminhão extra-pesado Actros. E com as vendas em franco crescimento, a previsão da Mercedes-Benz é de vender 44.000 caminhões para o mercado brasileiro em 2010.



        Nos últimos 5 anos, o mercado de caminhões mais que dobrou, subindo 105%, e este ano, aproximadamente 106.000 serão entregues. Do ano passado para esse, o crescimento foi de mais de 60%, sendo que 36% desses caminhões, são pesados.

        Essa previsão de crescimento de vendas é devido ao crescimento econômico do país, principalmente nas áreas de construção, mineração e agronegócios, sem falar no Pré-sal e nas obras para receber a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas de 2016.

        No Actros, luxo é coisa pouca. Foi simplesmente o veículo mais tecnológico que já guiei.

        Pensando que o conforto do motorista é fator importante para a diminuição do índice de acidentes nas estradas, a Mercedes-Benz não poupou em tecnologia nem na quantidade de itens que visam a segurança para conquistar seus principais clientes: as transportadoras, pois esse modelo já ganhou 3 títulos de “Camimhão do Ano” na Alemanha e um de “Caminhão da Década” na Inglaterra.




        O espaço interno da cabine é realmente incrível. Ela tem 1.92 m de altura e o piso, que está a aproximadamente 1.70 m do chão, é totalmente plano. Tem uma cama de 2 metros x 80 cm com luz de leitura, e muitos porta-objetos onde cabem inclusive, malas.

        Teto solar, vidros, travas e retrovisores elétricos. Ar-condicionado? É pouco. O ar-condicionado do Actros funciona até 8 horas com o motor desligado, ou seja, sem gasto de combustível, e tem regulagem na cama. Esse sistema funciona devido ao aproveitamento da energia do derretimento do gelo acumulado durante o uso do ar-condicionado enquanto o caminhão rodava.


        Os ajustes do banco são diversos. Ele simplesmente se molda ao corpo do motorista. Tem também amortecedor pneumátiico com regulagem de dureza e aquecimento.
        O volante tem regulagem de altura e inclinação, além de controles do som, telefone e do piloto automático.
        O painel tem velocímetro, conta-giros, marcador de combustível e pressão do turbo analógicos, e um computador de bordo com 8 páginas e dezenas de funções.
        A direção é hidráulica, e os retrovisores duplos com aquecimento, foram projetados geometricamente para atenuar as vibrações.





        A manopla do câmbio é tipo joystick e fica no braço do banco (que pode ser chamado de cadeira). O motorista pode optar por usar o câmbio manual com PowerShift com acionamento automatizado, ou seja, não tem o pedal da embreagem, ou usá-lo no automático, o que é muito mais útil do que em um carro de passeio, pois são 12 marchas cambiadas a todo momento, pois o giro ideal para trocar de marcha é 1.500 rpm. Para a ré, são mais 4 marchas com alerta sonoro.


        O Actros vem com um sensor de proximidade e sistema ativo de frenagem, que consiste em um radar no pára-choque, onde é feito o cálculo distância/velocidade (que tanto tento ensinar aos meus alunos). Se a velocidade estiver incompatível com a proximidade do objeto à frente, o freio é ativado parcialmente, controlando a velocidade. Se não tiver nenhuma atitude do motorista, a intensidade da freada aumenta automaticamente até a freada de emergência.




        Vem também com um sensor de faixa de rolagem. Uma câmera fixada no pára-brisas filma as faixas pintadas no asfalto e entra em ação acima dos 60 Km/h. Se o motorista fizer uma trajetória diferente, sem colocar a seta, um alarme forte soa dentro da cabine. Nada de dormir ao volante.

        Um sensor de chuva aciona automaticamente os limpadores do pára-brisas, e outro sensor, de iluminação, liga automaticamente os faróis.

        Muito útil é o bloqueio de deslocamento para ser usado em ladeiras. Quando a gente tira o pé do freio, ele continua freado por alguns segundos para que dê tempo de acelerar sem que o caminhão ande para trás e sem ter que puxar o freio de mão.


        Vem com freio a disco nos dois eixos do cavalo. O freio é eletrônico com ABS (anti bloqueio) / ASL / EBS / ASR (controle de tração) e Top-Brake, um sistema de freio motor em que as válvulas do cabeçote do motor trabalham em conjunto com o estrangulador dos gases do escapamento ajudando a evitar o desgaste dos componentes do freio e dos pneus.

        A suspensão é a ar e tem 4 bolsões por eixo com regulagem de nível para se adequar ao semi-reboque a ser encanxado.


        O caminhão vem preparado para a instalação de um FleetBoard, sistema de monitoramento do desempenho do caminhão e do motorista, o que no automobilismo, chamamos de telemetria.

        O motor é o MB OM-501 V6 de 12 litros com turbocooler. Tem 456 cavalos a 1800 rpm e torque de 2.200 Nm a 1080 rpm, para carregar até 57 toneladas na versão 6x2 e até 74 toneladas na versão 6x4. A velocidade máxima é de 120 Km/h.

        No tanque de combustível cabem 830 litros de diesel. Isso mesmo: 550 + 280 litros em dois compartimentos.


        Faróis de neblina, rodas de alumínio aro 22,5”, retardador Voith, aproveitamento da inércia ECO-VO, controle de tração e bloqueio de diferencial. UAU!... nunca dirigi um veículo com tanta tecnologia. A sensação de imponência é grande e deu vontade de comprar um para meu Centro de Treinamento. Claro que a motorista serei eu.

        Com tantos recursos é preciso treinar o motorista para operar o equipamento, e para isso existe um serviço pós-vendas que visa otimizar a utilização desse extra-pesado.




        O preço reflete tanta tecnologia: o modelo 2546 mais simples e com tração 6 x 2 sai por R$ 370.000,00. O modelo 2646 megaspace com tração 6 x 4, todo equipado, sai por R$ 440.000,00 e o top, com tração 8 x 4 sai por R$ 517.000,00. Tem ainda uma versão basculante 4844 K 8x4 para as severas operações fora-de-estrada.

        Nesses dois primeiros meses em que está à venda, já foram vendidos 100 unidades do Actros, e a previsão para o próximo semestre é de vender 1.500. Para 2011, a Mercedes-Benz espera vender 3.000 unidades deste fantástico caminhão, que a partir de 2012 já será totalmente produzido no Brasil.



        NOTAS:

        - O motor do Actros, o MB OM-501, já está sendo remanufaturado na fábrica de Campinas e seu valor é R$ 36.625,00.

        - A fábrica de S. Bernardo do Campo está ampliando sua capacidade de produção para atender a demanda e será a maior unidade de produção da Mercedes-Benz, fora da Alemanha. Já a fábrica de Juiz de Fora, também terá participação na produção de caminhões, e a partir de 2012 já produzirá o Actros.

        - A Mercedes-Benz, que é o maior vendedor de veículos comerciais no Brasil e América Latina, pretende formar um cinturão de fornecedores ao redor da fábrica de Juiz de Fora, nacionalizando o Actros. A previsão é de gerar 1.500 empregos em 2011 e até 5.000 nos próximos 5 a 8 anos.

        - A fábrica de S.B.do Campo produz 75.000 unidades/ano entre caminhões e ônibus, e a fábrica de Juiz de Fora começará com 12 a 15.000/ano. A estimativa é de que em 3 anos a fábrica já esteja produzindo até 50.000.

        - Em 2011, 44% do que é vendido aqui, será de produção nacional.

        - Segundo o presidente da Mercedes-Benz, Jurgen Ziegler, a quantidade de caminhões vendidos esbarrará na produtividade máxima de suas fábricas, já que a empresa é líder nomercado de ônibus, limitando assim sua produção de caminhões.

        - Em 2011 a Mercedez-Benz fará no Brasil um investimento de 1 bilhão e 200 millhões de reais em produção e infra-estrutura nas fábricas de S.B. Campo e Juiz de Fora e em lançamentos de novos produtos.

        - Quando perguntei sobre a verba de marketing destinada a veículos de passeios e comerciais no Brasil, não obtive resposta. Só informaram que devido ao lançamento do Actros, a verba de marketing destinada a veículos comerciais, este ano quase que se equiparou a verba destinada a veículos de passeio.