O ano 2013 foi especial para o mercado de caminhões, afinal foi ano de Fenatran e o momento de as montadoras mostrarem várias novidades e tendências de mercado. Como o transporte no Brasil está mais maduro e dinâmico, as engenharias das marcas tiveram de usar a imaginação para atender de maneira eficaz a clientela.
Todas as grifes tiveram produtos para mostrar nos mais variados segmentos, mas dois deles chamarm a atenção da clientela de distribuição e coleta urbana. As alemãs Mercedes-Benz e MAN Latin America apresentaram dois veículos bastante competitivos para atuarem no segmento. São os seus leves Accelo 1016 6x2 e Delivery 10.160 Plus, respectivamente – que agora atendem por médios, já que possuem 3º eixo de fábrica. Esses veículos chegam em um momento de mudanças significativas no transporte urbano.
Em um passado, não muito distante, o mercado disponibilizava caminhões leves (que podiam ser adaptados 6x2), porém, não houve uma boa aceitação desses produtos, pois não existia a lei do VUC (Veículo Urbano de Carga) e ainda era possível trafegar pelos centros expandidos com caminhões maiores.
A chegada da lei, determinando que o transporte urbano seja realizado com caminhões cujas dimensões fossem 2,20 m de largura por 6,30 m de comprimento, limitou os empresários a transportar mais mercadorias por viagem. Isso criou uma nova tendência e o mercado começou a fazer adaptações de caminhões com essas dimensões, porém, com 3º eixo instalado – o que permite carregar 13 t de carga (ante as 10 t do modelo convencional 4x2).
Mercedes-Benz e MAN Latin America, então, aproveitaram para lançar produtos ajustados a essa demanda. Para se ter uma ideia, empresas como a Ambev e Brasil Kirin (de distribuição de bebida) foram umas das empresas que solicitaram às marcas caminhões com tais atributos.
Sobre o potencial de mercado para esses caminhões, Ricardo Alouche, vice-presidente de vendas, marketing e pós-vendas da MAN Latin America, estima algo em torno de 5 000 unidades no primeiro ano.
Especialistas tanto da MAN quanto da Mercedes reconhecem que, nessa configuração, são caminhões com potencial para tirar volume dos caminhões médios.
Os representantes alemães têm em comum, além das 13 t de PBT (Peso Bruto Total), a capacidade para até 6 paletes altos.
O PLUS DA MAN
O VW Delivery 10.160 Plus, por poder ser equipado com baú de 4,30 m, atende da distribuição de bebida a entregas de gás, e até cargas em geral, sobretudo as mais volumosas. Atividades usando implementos do tipoplataforma e tanques também vão bem nesse caminhão, uma vantagem possível graças à variação de opções de entre-eixos para o modelo.
O 10.160 Plus, que foi apresentado na Fenatran e que chega ao mercado a partir do segundo semestre, chama a atenção porque o seu 3º eixo é instalado de fábrica. Ele é produzido pelo BMB Mode Center (Centro de Customizações) da MAN, tendo toda a garantia de fábrica.
Seu motor é da marca Cummins ISF 160 de 4 cilindros em linha, que tem potência de 160 cv a 2 600 rpm e torque de 61,2 mkgf de 1 300 a 2 600 rpm. A transmissão é a ZF 6S 1010 B0, mecânica de 6 velocidades. Seu sistema de acionamento por cabo permite que as trocas sejam mais leves e precisas, reduzindo a fadiga do motorista.
Além de possuir componentes conhecidos do mercado, outra razão para uma boa aceitação do modelo é o seu valor de revenda. Ricardo Alouche afirma que o modelo, na versão 4x2, é o segundo mais vendido da família Delivery e o quinto mais vendido do país (veja pág. 80).
Apesar do acabamento mais espartano, característica de veículos dessa categoria, pesquisa feita pela MAN Latin America, entre os clientes, mostrou que a cabine do Delivery é uma das mais aceitas do segmento graças ao seu espaço interno, sendo possível levar mais dois passageiros, além do motorista.
A ESTRELA DA MERCEDES
O Accelo 1016 não possui 3º eixo instalado de fábrica (algo que a Mercedes já anunciou estudar para o futuro), porém, ele foi todo redimensionado mesmo na configuração 4x2 para receber a instalação do 3º eixo no mercado.
Na visão da Mercedes-Benz, isso é uma vantagem, pois, de acordo com Claudio Gasparetti, gerente de marketing de produto da empresa, o cliente pode instalar o 3º eixo tanto atrás como na frente do eixo de tração. “Essa escolha vai depender do tipo de implemento que o veículo vai receber. Há casos que dependendo de onde o eixo for instalado é possível aumentar a capacidade de carga sem aumentar o comprimento do veículo. E com as exigências que vêm afastando os veículos maiores das ruas, essa solução se torna competitiva para o cliente”, destaca.
A desvantagem da instalação do 3º eixo por terceiros é que, dependendo do problema, pode virar um jogo de empurra-empurra na hora de acionar a garantia da Mercedes ou do instalador. Uma outra fonte informou que o modelo só não foi lançado ainda com o 3º eixo de fábrica porque ainda não houve tempo hábil para sua homologação.
O 1016 possui motor Mercedes, o OM-924 de 4 cilindros em linha, com potência de 156 cv a 2 200 rpm e torque de 62,2 mkgf de 1 200 a 1 600 rpm. Já a caixa, a Mercedes oferece duas opções, a MB 56-6 mecânica de 6 velocidades produzida por ela ou a ZF S5 580, também mecânica, porém, de 5 velocidades. O desenho é outro forte atributo do modelo. Suas linhas mais arredondadas privilegiam a aerodinâmica. Denota sua robustez também a embreagem, cujo diâmetro do disco é de 362 mm (o mesmo usado nos caminhões médios e semipesados da marca).
FONTE: Transporte Mundial
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