quarta-feira, 22 de abril de 2015

Cuidado para não rebaixar demais


Embora sejam mais vistos nas ruas automóveis rebaixados, os caminhões também ganharam versões com esse tipo de modificação. Alterar a altura dos eixos pode comprometer a vida útil de qualquer veículo, mas no caminhão isso vai além, pois pode causar acidentes nas estradas — sem mencionar a possibilidade de danificar toda a carga transportada —, razões de esta ser uma prática não recomendada. Luso Ventura, sócio da Mobilidade Engenharia e diretor coordenador das Comissões Técnicas da SAE Brasil, alerta: “ao se alterar as propriedades de um caminhão, no caso rebaixando-o, corre-se o risco de quebrar a suspensão, dentre outros problemas estruturais do caminhão”. Normalmente, quando há alguma modificação no veiculo é para aperfeiçoar e melhorar o seu desempenho ou para solucionar problemas aerodinâmicos. Porém, quem faz estas mudanças e pretende continuar com as características originais do caminhão, que é fazer o transporte de carga, precisa ficar atento às consequências. “Parece ser um pecado bem grande”, opina Ventura.
O caminhão passará por uma verdadeira “cirurgia”, para alcançar os parâmetros de rebaixamento. Não são apenas os eixos que são encurtados, mas todo o conjunto de molas, além do cardam, que se altera naturalmente por causa das molas rearranjadas. A parte de escapamento também é atingida. Somando todas as mudanças, temos como resultado um dano estrutural no compartimento de carga do caminhão. “Muito provavelmente será reduzida a capacidade de carga, diminuição dos ângulos de entrada e saída, e a maior dificuldade de manobrabilidade. O caminhão quase se torna um automóvel”.
Apesar de não haver uma estimativa sobre a diminuição da vida útil do caminhão, se o uso contínuo for mantido com o mesmo peso de carga e a mesma velocidade, talvez não chegue do ponto A ao ponto B sem problemas. Se neste caminho houver uma lombada, uma valeta ou qualquer outro tipo de obstáculo típico de estradas, talvez o caminhão não consiga superar a barreira. Na mais suave das hipóteses, pode até mesmo quebrar a suspensão. Na pior, perder o controle da direção.
Como explica Ventura, o caminhão precisa da distância dos eixos e da altura das molas para poder trafegar sem comprometer a carga, o veículo ou o motorista. Com o rebaixamento, uma série de novos cálculos deve ser feito, para garantir que as alterações não afetem o desempenho do caminhão e nem comprometam a segurança no trânsito. O veículo não suportará carregar a mesma quantidade que transporta quando é original de fábrica.
“Não sei até que ponto isso afeta a segurança, mas com certeza o faz. Que carga colocará neste caminhão? A mesma que o veículo transportava quando estava em seu formato original, ou vai diminuir? Se for, diminuirá em quanto? Houve todo este cálculo?”, analisa Ventura.
No geral, tais alterações são muito mais estéticas do que técnicas. E deve-se prestar atenção neste quesito para não se ter dores de cabeça no futuro. Mas se mesmo com todos os alertas, você ainda quer um caminhão rebaixado, use-o como hobby ou vá para as pistas de Trai Racing, onde existe (e é comum) a prática de rebaixar os veículos competidores — nestes, não vão carga. Para o dia a dia, evite alterar radicalmente as propriedades de fábrica do seu caminhão. Isso comprometerá o desempenho, podendo até perder trabalhos por conta disto.
Fonte: Transporte Mundial

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